Começamos por explicar porque é importante saber o número de ações emitidas:
- As bolsas de valores servem, em primeira instância, para financiar as empresas cotadas;
- Uma das formas de financiamento é a emissão de novas ações, que destrói, por diluição, valor aos acionistas. Exemplo prático:
- Se a empresa ABC tem 1000 ações em circulação e o Investidor detém, no seu portefólio, 100 ações da ABC, então o Investidor é dono de 10% da ABC (100 / 1000).
- Se a ABC, no âmbito de uma aquisição de outra empresa, decide levantar capital no mercado acionista, emitindo para tal 200 novas ações, o total de ações em circulação é agora de 1200 (1000 iniciais + 200 novas).
- O Investidor detém as mesmas 100 ações, mas viu diluída a sua posição como acionista da ABC diluída, pois agora apenas é dono de 8,33% (100 / 1200).
- O inverso acontece quando as empresas recompram ações próprias, pois diminuem o total de ações em circulação e, dessa forma, concentram a sua posição acionista.
Portanto, como Investidores em Ações que baseiam as suas decisões em Análise Fundamental, é importante conhecer a evolução, ao longo dos anos, do número de ações emitidas.
Eis algumas formas de o fazer, listadas da mais expedita para a mais morosa:
- Recorrendo a ferramentas pagas, como os terminais da Bloomberg ou da Refinitiv Eikon, serviços mais caros, ou o Gurufocus, ou Tikr, entre vários outros serviços mais acessíveis ao investidor individual. Estas plataformas têm o número de ações emitidas inclusivamente corrigido para stock-splits e reverse stock-splits;
- Nos Relatórios e Contas da empresa:
- No “Quadro de Acionistas” do relatório, em que lhe são indicados os maiores acionistas dessa empresa e a respetiva quantidade e percentagem de ações detidas, permitindo fazer um cálculo simples:
Se o acionista A tem 7,58% do capital, ou 13 594 100 ações, então
100% = 13 594 100 / 0,0758 = 179 341 680 ações;
- Na última linha da Demonstração de Resultados é, por vezes, indicado diretamente o número de ações emitidas;
- Se na Demonstração de Resultados tiver a informação do Resultado por Ação, e naturalmente do Resultado Líquido, poderá obter o nº de ações total através do seguinte cálculo:
Nº de Ações emitidas = Resultado Líquido / Resultado por Ação
Por exemplo, se uma empresa tiver tido um Resultado Líquido de 17,59 M€ e um Resultado por Ação de 0,67 €, o
Nº de Ações = 17 590 000 / 0,67 = 26,25 milhões de ações
Qualquer um dos métodos cumpre o propósito: determine a evolução do número de ações emitidas por determinada empresa, eliminando do seu leque de escolhas as chamadas “diluidoras crónicas”, empresas que emitem sistematicamente quantidades elevadas de novas ações, e cingindo-se a empresas que não destroem a sua posição como acionista.