Hoje vou falar-lhe de uma segunda nuance que me confundiu e atrasou ao longo de toda a minha carreira de analista e investidor em ações. É provável que conhecer esta nuance o ajude nos seus investimentos.
Não sei se já leu o mais recente e-book que escrevi? O Mistério da Análise Fundamental de Ações Revelado elege a Análise Fundamental como o meio através do qual se pode atingir um retorno acima da média no mercado de ações.
Só que a Análise Fundamental tem um “defeito”: é que só funciona no longo prazo.
No curto prazo, digamos, no espaço de um ano (ou dois), tudo pode acontecer e nada terá lógica…
A ação fundamentalmente atrativa pode cair mais 25%, ou mesmo 50%, ou mais… e a ação extraordinariamente cara pode subir mais 100%, 200%, ou mais!
Esta realidade faz com que muitos duvidem da valia da Análise Fundamental e gravitem novamente para outros tipos de análise com menor racionalidade económica. Abandonam o que vai dar resultado a longo prazo porque não têm confiança suficiente para aguentar a volatilidade e incerteza no curto prazo.
Uma ação pode estar fundamentalmente atrativa com um PER de 10, um balanço saudável e boas perspetivas de crescimento. Porém, sem causa aparente – ou devido a algo pouco relevante – pode perfeitamente descer 40% para um PER de 6. O que estava atrativo… ficou ainda mais atrativo.
Isto será certamente desmoralizador, mas não deverá desmobilizar, porque num caso destes a recuperação também costuma ser rápida e a ação poderá quadruplicar para um PER de 24. Estou a referir o PER por ser um dos indicadores mais populares, mas claro, não pode ser visto isoladamente.
Inversamente, uma empresa sem receitas, mas com muita hype, pode estar sobre-valorizada, pode valer billions… e a seguir duplicar de valor! Nestes casos os gestores costumam emitir novas ações para beneficiar com a procura a preços irracionais.
Porque é que há tantos investidores que vendem a preços muito baixos e compram a preços absurdos? Bem, eles estão dazed and confused como o Jimmy Page. Toda a vida levaram com a frase “o mercado tem sempre razão” e usam-na para justificar atos irracionais.